domingo, 10 de maio de 2020

Parto

Dentro da barriga, bebês aprendem:
o mundo é excentricamente redondo!
Eles se remexem o tempo todo e, assim, percebem que o tecido do útero expande.
Acostumados ao brilho das estrelas, confiam numa luz irresistível que os suga através de um túnel no hiperespaço.
É um atalho que conduz até um novo mundo.
Ao perceberem que não podem voltar atrás, os bebês explodem em choro, no ventre da Terra.
Não tarda para reencontrarem o amor, tudo o que conheciam até então, quando nos braços de suas mães, sentem o cheiro de seus antigos universos!

terça-feira, 16 de julho de 2019

Fuga

O universo é mesmo mágico!

Se o tento medir com régua,
ele escorre líquido
pelo terreno íngreme.
Se o identifico nas notas de uma música,
ele se transfigura sólido,
com seus restos ruídos acústicos.
Seu simulacro em laboratório não compensa o plágio.
Quando reparto fragmentos de sua estrutura física,
vinga-se com uma explosão bombástica.
Ao aplicar-lhes antídoto,
a fim de promover um reencontro atômico,
finge-se ele de sonâmbulo.
Se pretendo sua matemática, 
não exita mostrar-se em números,
que, no entanto, calculam-se a passos trôpegos
despistando a trilha de sua essência.

Concluo que o caráter de suas intenções só pode ser lúdico,
pois, quando o tenho mais próximo,
evapora áspero como um relâmpago,
mas, se o contemplo à distância, 
acaricia-me com suas pétalas. 
Talvez, seja apenas um tímido romântico
que se revela quando vestido de estelar máscara
assombrando o tempo com um espetáculo.
Quem sabe o universo não seja trágico?
E pouco adianta tentar decifrá-lo, 
fugaz, ele tem sempre um álibi.
Se não for sádico, 
pra dizer o mínimo. 
Sempre que o alcanço por um ângulo,
muda a inclinação de súbito  
escapulindo pela contramão.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Jardins singulares





São comparáveis criaturas de tão vigoroso apetite?
devoram o tecido do espaço-tempo
lambem o perfume das estrelas
não deixam escapar nem mesmo a luz, alimento etéreo e sem substância

seu desabrochar solitário ocorre na quietude do invisível
em meio ao colapso de velhas estrelas gordas

exuberâncias pretas atraem para seus arredores polinizadores ligeiros
partículas das mais charmosas

no interior de seus núcleos, a matéria é destroçada
cedendo lugar a um cenográfico vácuo
dança silenciosa que fertiliza os corpos celestes
dando forma ao cosmo quase como se fosse uma confidência

depois de sugarem todo o néctar da existência,
apesar de ainda estarem famintas, ressequidas, essas flores implodem

outra vez

e galáxias inteiras se apagam tal qual jardins de buracos negros

perpetuando universos nos quintais de dimensões paralelas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O beijo

Um cabeça-de-olho e uma cabeça-de-luz brotaram
num canto antes do espaço e do tempo
sem saber que estavam dentro do mesmo ponto.

Tudo era escuro e não era visto.
A cabeça-de-luz surgiu apagada e, assim,
o cabeça-de-olho nada podia ver.
Eles não tinham mãos para se tocar e não havia matéria
que carregasse o som de seus pensamentos.

Perceberam sua proximidade pelas
débeis ondas de calor que deles emanavam.
Seus corpos buscaram aquela quentura,
movendo-se, a princípio, inseguros,
um na direção do outro.

Na iminência do encontro, transbordavam em agonia
e sem mais saber o que fazer, beijaram-se.

Foi quando o ponto explodiu!

A luz se ascendeu
iluminando o olhar que se abriu,
e as coisas ganharam sentidos.

Naquele silêncio expansivo,
derreteu-se a amargura da quietude
borbulhando o primeiro instante do Universo.

“Eu te vejo!”
“Alguém me nota!”
“Você me ilumina!”
“Brilho só para ti!”

Quem era ela,
ele quem foi?
Antes daquilo, mais ninguém.

Passados três segundos,
sentiram um peso insuportável
por serem apenas um para o outro
“Tudo que faço é te iluminar!”
“Contemplar-te é só o que sei!”

Mudaram-se,
tecendo em suas vidas nômades
os dias que correm na velocidade da luz,
o Cosmo que se expande na direção do olhar.

Desde então, trançam a existência na eternidade,
fazendo amor à distância.
O olho sem sentir saudade
porque a luz sempre o beija com seus raios.


quinta-feira, 19 de abril de 2018

Tão sem vontade...
de ter casa
ou corpo

mente e rosto
dentes
fosso
solidão

asas são sonhos
rodas nos pés

gira o mundo
minha morada redonda










segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Solidão em São Paulo

Eu sinto uma solidão tremenda aqui em São Paulo
saio do trampo
todo dia ando chorando pelas calçadas
sem me importar com quem me olha mas não me vê lágrimas

Sinto essa solidão em São Paulo
mas ela não é minha
ela é da rua
pousa em canteiros de obra, prédios depredados
e em caixas de papelão
ali mesmo faz seu canto e dorme

é uma solidão fria
é uma solidão dura
é uma solidão que absorvo

distante o céu das estrelas
escuro o nó do buraco da minha garganta
quem ri?
quem canta?

Sinto essa solidão
sinto muito por essa cidade
sinto tanto por mim

terça-feira, 21 de junho de 2016

cascas

Quando eu tinha uns oito ou nove anos, encontrei um livro na biblioteca da minha cidade (que eu estava obstinada a dissecar) que falava sobre as propriedades dos alimentos, uma dessas enciclopédias de A a Z blá blá. Ali eu tive a ideia de datilografar uma carta para o presidente da república e contar pra ele que as pessoas não precisavam passar fome já que as cascas dos alimentos tinham muitas propriedades nutritivas fantásticas e ignoradas (coisa que eu devo certamente ter lido no livro). Aí eu tentei demonstrar, na carta, não lembro como, que se as pessoas parassem de jogar fora as cascas, a gente teria comida suficiente pra alimentar todo mundo. Pra mim, era bizarro saber que tinha gente passando fome, mas parecia ser uma coisa simples de resolver se cada um fizesse a sua parte.
Pouco tempo depois, me reuni com uma amiga e minha irmã (Julia AndradeGabriella Espirito Castro) e montamos um clubinho - o Clubinho da Amizade -, que arrecadava alimentos para serem doados. A gente conseguiu montar algumas cestas básicas, e minha mãe (Vera Florio) ajudou a gente a distribuí-las porque não conseguíamos carregar sozinhas.
Continuo não suportando a ideia de que vivemos em um mundo onde há pessoas que não tem nem o que comer, e o pior é saber que o motivo não é a falta de alimentos, como eu pensava há décadas atrás. Essa é uma grande e terrível violência contra o ser humano...
Não sei se minha mãe chegou a colocar aquela carta no correio. Hoje em dia, eu testo minha teoria sobre cascas, me alimento com cascas de várias coisas, mas me recuso a escrever sobre isso pro Michel Temer.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Sambinha

Eu não vou com a sua cara
você não vai com a minha
tá se achando toda mara
quer que chame de "rainha"

Não chamo !
Não chamo !
Não chamo!

Quer que chame de "classuda"
chamo de baiacuda
diz ter sangue de "patrícia"
mais parece a mortícia
vai descendo a ladainha
bancando a "princesinha"

Não chamo!
Não chamo !
Não chamo!

Desce do salto, pra que se iludir ?

Lá lá

O tombo será mais alto quando for cair,

Lá rá

Tá pensando que eu vou te engolir...
Não vou !
Passou do tempo, meu amor...

Se faz coitadinha
mas sei é fingida
quer ser toda refinada
baita marmelada
membro da família real,
vai se dar mal

Não chamo!
Não chamo!
Não chamo!

Pensa que é européia
é a mais pura mocréia
a mais bonita do Brasil,
ninguém viu.

Não chamo!
Não chamo!
Não chamo!



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

luz

agente pode ser químico
a gente pode ser mímico
agente secreto
a gente, discreto

agente combina, agir
a gente ilumina, luzir.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

memento mori

algum dos meus colegas do primeiro ano da faculdade, não sei quem, mas desconfio, pegou o meu caderno e escreveu em uma página distante do resto das anotações

memento mori

não me esqueço. 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

cores dentro dos olhos

quando eu era pequena fechava os olhos na frente do Sol.
eu via que isso me fazia ver várias, milhões de cores dentro do meu próprio olho.
eu olhava pra dentro de um olho e tava lá uma coisa loca. olhava pra dentro do outro e tinham várias cores também.
se eu me focasse dentro de um olho só, eu via que as cores iam se transformando em outras cores. era como se as cores fossem caindo dentro de um túnel, que ia ficando cada vez mais profundo. as cores iam desabrochando em outras cores.
essa era uma coisa que eu adorava fazer quando era criança: olhar para o Sol de olho fechado.
parece que tinham vários eu's dentro de mim naquele momento. eles se revelavam. não sei dizer. às vezes eu achava que tinha 3 pessoas dentro de mim. uma que falava, a outra que discutia com a que falava e uma outra que sabia, sem usar palavras, que nada daquilo fazia sentido. essa terceira pessoa, uma pessoa mais profunda, ela sabia das coisas. mas ela nunca me contava nada de uma maneira direta, mesmo porque ela não interage comigo, nunca interagiu. ela era eu. mas um eu profundo. não sei explicar melhor. mas eu gostava de sentir quando isso tava acontecendo. quando eu percebia a existência dos três eu's aqui dentro.
eu também gostava de torcer o meu corpo todo, ficar de cabeça pra baixo e ver o céu azul nessa posição. também sempre tentei voar. eu achava que podia fazer tudo que eu quisesse. tudo era possível. eu achei isso durante muitos anos. por algum tempo eu meio que perdi a fé nisso. aos poucos. há algum tempo, quando percebi que isso tava morrendo dentro do meu peito, decidi me buscar. hoje eu sinto que estou de volta. é diferente. é mais sereno. estou de volta.

telepatia

Quando eu era criança, uns 4 ou 5 anos, ou, melhor dizendo, desde quando era criança tinha uma certa obsessão por comunicação através da mente. Meu pai ia trabalhar na fazenda e ele ficava muito tempo fora. Eu queria me comunicar com ele. Lembro que ele tinha um par de walkie-talkies. Verdes. Quadradões. Gigantescos. Aqueles walkie-talkies pra mim era o máximo ! Dentro da cidade funcionavam perfeitamente bem. Eu conseguia falar com meu pai quando ele estava há alguns metros de distância. Mas quando ele ia pra fazenda, a coisa não funcionava bem. Era frustrante pra mim ver que o walkie-talkie não funcionava a longas distâncias. Essa bem que poderia ser a comovente história de uma garotinha que pensou em um walkie-talkie que funcionasse a longas distâncias, que depois alguém batizou de celular, mas eu nunca inventei nada disso, e, naquela época já deviam, inclusive existir protótipos de telefones celulares.
Mas a coisa do walkie-talkie não funcionar à longas distâncias me fez pensar em algo muito mais legal que celular : comunicação através do pensamento ! Era bem óbvio pra mim que aquilo deveria funcionar. Eu pensar em alguma coisa e enviar o pensamento pra outra pessoa, que estava à grande distância. Parecia óbvio pra mim que a outra pessoa, nesse caso meu pai, captaria o meu pensamento. Então eu e meu pai começamos a treinar. Embora eu não saiba com que seriedade meu pai estava levando esse projeto e, aliás, até hoje não sei. Mas a gente fazia assim : eu pensava em uma palavra, ou alguma coisa durante o dia e enviava pro meu pai. Quando ele voltava pra casa eu perguntava no que ele tinha pensado, ou recebido. E aí a gente conferia. Não sei quanto tempo durou o treinamento, não lembro se a coisa evoluiu, mas acho que não. Mas eu nunca desisti de me comunicar com as pessoas pelo pensamento. Eu tenho tentado por aí, mas não tem dado muito certo.  Não pra efeitos de comunicação. Mas, pelo menos dentro do meu achismo, penso que consigo captar muitas coisas por aí. Pensamentos que estão soltos no ar e que não são necessariamente direcionados pra lugar nenhum. Esses pensamentos, sentimentos, a gente não recebe na forma de palavra. Sei lá. A antena que a gente liga, digamos assim, é outra.
As vezes eu penso em algumas pessoas de uma maneira tão aleatória, que tenho a impressão de que naquele momento elas estão pensando em mim. Essa coincidência já se confirmou algumas vezes. Mas minha mente, a sua mente são tão aleatórias que essa coincidência toda pode ser só uma coincidência mesmo. É claro que eu prefiro acreditar que não e isso me faz sentir que existe essa comunicação.






as coisas existem porque a gente imagina
ou a gente as imagina porque elas existem ?

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

As alegrias de um coração partido

a gente que tem o coração partido
deve se alegrar
o coração partido vem em vários pedacinhos
pra deixar de lembrança a quem se ama e com quem não se pode ficar

e quanto mais quebrado ele for
maior a generosidade
você pode amar Machu Picchu e o Piauí
e deixar seu coração em todo canto de qualquer cidade

um coração partido nunca está só
feliz eu sou porque um dia descobri isso
e não entrego mais meu coração por inteiro
a um único compromisso.






segunda-feira, 20 de outubro de 2014

autoria

tô de passagem pelo mundo
a vida tá de passagem por mim
essas ideias não são minhas
não fui eu quem as concebeu assim
as ideias são livres
e é tudo por tudo pensado
cada verbo que passa por mim
é um ato do Universo do qual tenho me apropriado
e nada é meu porque eu é que sou de tudo
das coisas, os gestos; dos ventos, os beijos
dessas abobrinhas todas, o verde
que inundam falsa mente
o mar de caos que é o absurdo da compreensão
hoje sou eu
amanhã imensidão.

domingo, 19 de outubro de 2014

corrida

aprender a viver
deixa eu correr até o fim da faixa onde tem areia
deixa a água do mar bater até o calcanhar
o vento bater no cabelo
o cabelo encobrir o rosto
deixa as coisas de lado
desapega dos sentimentos
conhece as pessoas
lembra delas com os olhos e deixa as lembranças para as lágrimas
diz adeus
sonha acordado
sofre até colocar o coração pela boca
sente que é só até perceber que nunca está sozinho
se esqueça do outro até se lembrar de si mesmo
um dia de ventania
capta as ideias boas do mundo
dissipa as ideias boas pelo mundo
sorri para as pessoas
mas não sorri toda hora
o riso se perde na rotina
que faz perguntas curtas
e dá respostas caóticas
fala pouco
sente muito
sinto muito que é demais
sente um pouco do que é demais
tá no céu onde tudo é
existe como o bom e como o mau
nada existe para ser apenas contraponto
é tudo vivo
é tudo uma só
integração
e em tudo o que é mau reside um bem
todo bem guarda um mau adormecido
esquece a ciência porque ela é sempre igual a si mesma
não sai do lugar porque prendeu a imaginação humana em uma caixa
sem imaginação não há mundo
tudo o que há são as mudanças dos mundos imaginados
essa noite eu vivi um sonho
em uma praia linda de areias brancas
podia visualizar o mapa da praia na cabeça
a todo momento
podia ver a mim mesma flutuando no mapa
quis nadar entre uma ilha e outra
mas havia tubarões
tornei-me uma pessoa que tem medo de tubarões
anseio pelo nosso encontro, no entanto
agora que descobri quem quero amar
e a quem amo
como posso não viver ?
como posso deixar que seja assim ?
revolta-te
aceita-te
aceita
as coisas tem que ir embora
tudo se dissipa no fim da praia
dissipa-te
porque não há final dos tempos
finaliza
e seja sempre o começo
porque a vida e o tempo são mudança que não tem fim







terça-feira, 23 de setembro de 2014

quinta-feira, 5 de junho de 2014

prédio

Há algo nos prédios de que eu gosto muito. A maneira como eles lembram o sistema de funcionamento do corpo humano. Como lembram organismos, com seus vários tubos e canos e conexões. Um verdadeiro sistema circulatório! 
O que há também na mentalidade da cobertura do prédio ser do manda-chuva, já que o cérebro é quem comanda toda a bagunça que todo o resto é.

terça-feira, 3 de junho de 2014

cosmo

saudades dos pincéis
criadores dos mundos que habitei
minhas palavras foram coloridas
em forma de verso pintado

saudades dos papéis de todas as gramaturas
das sedas transparentes e verdes de várias espessuras
hospedeiros dos mundos por onde passei
e que tão logo pelo tempo serão apagados

saudades das tintas respiradas
em forma de nuvem e oxigênio
como em um místico universo borrado

saudade da tormenta
e do cinza grafite
lápis
apontador
meu cosmo com sabor
de ser sempre sabotado



mercantilismo

lágrimas, quem as compra?
há quem lágrimas procure
há quem lágrimas ofereça
lágrimas, quem as vende?

dê-me logo o endereço dessa peça
diga-me, onde mora?
se é que vende lágrimas
queria saber de onde elas vem
se sou eu
quem lágrimas chora

quinta-feira, 15 de maio de 2014

engula!

mascara o cheiro de suor
enxaguante bucal deixa o seu hálito puro
pedra sanitária pra abafar a sua ida ao banheiro
a gente tem chulé
pra isso use desodorante pro pé
tira a cutícula
cabelo na perna é nojento
chega de pelos na virilha
a gente aumenta o tamanho dos cílios com rímel
finge que a nossa pele é uniforme
a gente evita manchas
passa batom pro lábio ficar vermelho
blush pra maçã do rosto ficar maçã
usa anti-rugas porque é feio envelhecer também
põe silicone onde disseram que falta alguma coisa
alisa o cabelo








segunda-feira, 12 de maio de 2014

bêbados do pelÔ

sábado nas imediações do PelÔ
encontrei um bêbado que me pedia o dinheiro pra cachaça
eu com ares de doutÔ
e ele cheio de graça
repúdio ao seu cheiro de humanidade
foi que lhe respondemos

olhei nos olhos do bêbado
que me beijou a mão
mas saiu vagando sozinho pela cidade fria
sem cachaça no estômago e sem dinheiro

eu lhe neguei moeda pra beber
com o argumento de que não tinha
e de que ele torraria o tostão na cachaça
eu com meu suado dinheiro
cujo fim não era pra ser a bebedeira de um bêbado do pelÔ

horas depois limpei aquelas calçadas e escadas
na via pública fiz minha estada
o meu melhor companheiro, o cravinho
que se negava a ficar no meu estômago

onde haviam aquelas poucas pessoas interessantes
as que foram vender sua arte
querendo se esquecer de estar ali

vi o menino black, que cantou com Chico César
entornei seis vezes com o dinheiro que neguei pra quem queria se embebedar
e o meu gesto de humanidade,
qual foi?

sábado encontrei a bebedeira
e hoje encontrei o mar
e tem hora que dá vontade de desistir
mas haja calor pra aguentar viver em Salvador.








quarta-feira, 7 de maio de 2014

de novo

o que procuro em viagens
encontro em pessoas
são olhos todos
as pessoas são viagens neles
e com olhos tortos somos
todos apenas olhares


http://www.hypeness.com.br/2014/05/conheca-o-fotografo-que-capta-olhares-como-ninguem/

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Beijinho no “campo de força”




desejo a todos Darth Sith vida longa 
há muito tempo numa galáxia muito distante
bateu de frente é só os sabre de luz na chonga
aqui jedi fake não se cria com o mestre Yoda
acredito nos Ewoks os bichinhos tão peludo
Chew tá berrando peraí que eu não escuto
da Estrela da Morte quase não dá pra te ver
é o Palpatine tá querendo aparecer
Luke eu sou seu pai, e já tô pronto pro combate
keep calm e deixa de recalque
o meu sensor de midichlorians explodiu
pega a sua força e vai pra... Tatooine
beijinho no campo de força pro Darth Vader passar longe
beijinho no campo de força só pros Jabba, the Hut de plantão
beijinho no campo de força  só quem fecha com o Kenobi
beijinho no campo de força  só quem tem a força então
Padmesca Amidalazuda
Uma homenagem minha ao Dia de Star Wars
(especialmente pra os fãs recalcados, Charles L'Astorina )