São comparáveis criaturas de tão vigoroso apetite?
devoram o tecido do espaço-tempo
lambem o perfume das estrelas
não deixam escapar nem mesmo a luz, alimento etéreo e sem substância
seu desabrochar solitário ocorre na quietude do invisível
em meio ao colapso de velhas estrelas gordas
exuberâncias pretas atraem para seus arredores polinizadores ligeiros
partículas das mais charmosas
no interior de seus núcleos, a matéria é destroçada
cedendo lugar a um cenográfico vácuo
dança silenciosa que fertiliza os corpos celestes
dando forma ao cosmo quase como se fosse uma confidência
depois de sugarem todo o néctar da existência,
apesar de ainda estarem famintas, ressequidas, essas flores implodem
outra vez
e galáxias inteiras se apagam tal qual jardins de buracos negros
perpetuando universos nos quintais de dimensões paralelas.
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