terça-feira, 16 de julho de 2019

Fuga

O universo é mesmo mágico!

Se o tento medir com régua,
ele escorre líquido
pelo terreno íngreme.
Se o identifico nas notas de uma música,
ele se transfigura sólido,
com seus restos ruídos acústicos.
Seu simulacro em laboratório não compensa o plágio.
Quando reparto fragmentos de sua estrutura física,
vinga-se com uma explosão bombástica.
Ao aplicar-lhes antídoto,
a fim de promover um reencontro atômico,
finge-se ele de sonâmbulo.
Se pretendo sua matemática, 
não exita mostrar-se em números,
que, no entanto, calculam-se a passos trôpegos
despistando a trilha de sua essência.

Concluo que o caráter de suas intenções só pode ser lúdico,
pois, quando o tenho mais próximo,
evapora áspero como um relâmpago,
mas, se o contemplo à distância, 
acaricia-me com suas pétalas. 
Talvez, seja apenas um tímido romântico
que se revela quando vestido de estelar máscara
assombrando o tempo com um espetáculo.
Quem sabe o universo não seja trágico?
E pouco adianta tentar decifrá-lo, 
fugaz, ele tem sempre um álibi.
Se não for sádico, 
pra dizer o mínimo. 
Sempre que o alcanço por um ângulo,
muda a inclinação de súbito  
escapulindo pela contramão.

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