sábado nas imediações do PelÔ
encontrei um bêbado que me pedia o dinheiro pra cachaça
eu com ares de doutÔ
e ele cheio de graça
repúdio ao seu cheiro de humanidade
foi que lhe respondemos
olhei nos olhos do bêbado
que me beijou a mão
mas saiu vagando sozinho pela cidade fria
sem cachaça no estômago e sem dinheiro
eu lhe neguei moeda pra beber
com o argumento de que não tinha
e de que ele torraria o tostão na cachaça
eu com meu suado dinheiro
cujo fim não era pra ser a bebedeira de um bêbado do pelÔ
horas depois limpei aquelas calçadas e escadas
na via pública fiz minha estada
o meu melhor companheiro, o cravinho
que se negava a ficar no meu estômago
onde haviam aquelas poucas pessoas interessantes
as que foram vender sua arte
querendo se esquecer de estar ali
vi o menino black, que cantou com Chico César
entornei seis vezes com o dinheiro que neguei pra quem queria se embebedar
e o meu gesto de humanidade,
qual foi?
sábado encontrei a bebedeira
e hoje encontrei o mar
e tem hora que dá vontade de desistir
mas haja calor pra aguentar viver em Salvador.
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