quando eu era pequena fechava os olhos na frente do Sol.
eu via que isso me fazia ver várias, milhões de cores dentro do meu próprio olho.
eu olhava pra dentro de um olho e tava lá uma coisa loca. olhava pra dentro do outro e tinham várias cores também.
se eu me focasse dentro de um olho só, eu via que as cores iam se transformando em outras cores. era como se as cores fossem caindo dentro de um túnel, que ia ficando cada vez mais profundo. as cores iam desabrochando em outras cores.
essa era uma coisa que eu adorava fazer quando era criança: olhar para o Sol de olho fechado.
parece que tinham vários eu's dentro de mim naquele momento. eles se revelavam. não sei dizer. às vezes eu achava que tinha 3 pessoas dentro de mim. uma que falava, a outra que discutia com a que falava e uma outra que sabia, sem usar palavras, que nada daquilo fazia sentido. essa terceira pessoa, uma pessoa mais profunda, ela sabia das coisas. mas ela nunca me contava nada de uma maneira direta, mesmo porque ela não interage comigo, nunca interagiu. ela era eu. mas um eu profundo. não sei explicar melhor. mas eu gostava de sentir quando isso tava acontecendo. quando eu percebia a existência dos três eu's aqui dentro.
eu também gostava de torcer o meu corpo todo, ficar de cabeça pra baixo e ver o céu azul nessa posição. também sempre tentei voar. eu achava que podia fazer tudo que eu quisesse. tudo era possível. eu achei isso durante muitos anos. por algum tempo eu meio que perdi a fé nisso. aos poucos. há algum tempo, quando percebi que isso tava morrendo dentro do meu peito, decidi me buscar. hoje eu sinto que estou de volta. é diferente. é mais sereno. estou de volta.
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