Quero uma passagem de ano novo
pra um outro planeta.
Quero uma passagem de ano novo
pra viajar na cauda de um cometa.
Quero passar, mas não tenho pressa.
Quero uma passagem pra te ver
Quero uma passagem pra me encontrar.
Quero passagem pra fazer a dor passar.
poesia infantil poesia molhada trocadilho de roupa poesia engraçada não sense senil
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Ano que vem
um feliz ano novo
pra quem eu ainda não conheço
e que seja muito feliz
quem vai me encontrar no próximo ano
daqui há um ano
virei nessa mesma praça
encher meu peito de ar
e dizer pra você como foi bom!
e nós vamos nos olhar nos olhos
sair por aí pedalando
e sorrindo pra tudo
porque então
você será meu amigo há um ano
como agora são os que conheci no ano passado
os que conheci nos anos passados
pra quem eu prometi voltar aqui
aqui estou, amigos
vamos encher o peito de ar
vamos renovar nossos laços
e sair por aí pelas nuvens
pedalando
ou você vai de balão?
esse pode não ter sido o melhor ano de todos
mas se eu fui feliz, é porque tive você
e agora você sabe que me teve também!
vamos voltar aqui no ano que vem!
pra quem eu ainda não conheço
e que seja muito feliz
quem vai me encontrar no próximo ano
daqui há um ano
virei nessa mesma praça
encher meu peito de ar
e dizer pra você como foi bom!
e nós vamos nos olhar nos olhos
sair por aí pedalando
e sorrindo pra tudo
porque então
você será meu amigo há um ano
como agora são os que conheci no ano passado
os que conheci nos anos passados
pra quem eu prometi voltar aqui
aqui estou, amigos
vamos encher o peito de ar
vamos renovar nossos laços
e sair por aí pelas nuvens
pedalando
ou você vai de balão?
esse pode não ter sido o melhor ano de todos
mas se eu fui feliz, é porque tive você
e agora você sabe que me teve também!
vamos voltar aqui no ano que vem!
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Nuvens
você é a mão?
sei não,
mas se tivesse que escolher alguém nesse desenho
pra ser você
escolheria as nuvens.
As nuvens são brancas
tal como a sua cor na maior parte do tempo
mas se ele mudar, virar
as nuvens se tornam de cinza escuro ao negro
que é como você fica depois de um dia de Sol.
e quando o Sol faz do dia amarelo,
as nuvens resolveram dissipar.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
o dia em que meu coração voltou em uma embarcação
meu coração é meu de novo
partiu em uma embarcação
e voltou em outra
com as ondas do mar
como as ondas do mar
poderia dá-lo a quem quisesse,
mas nunca mais o deixarei, coração
seremos apenas eu e você
isso lhe prometo
e se algum dia quiseres me deixar
irei contigo
com as ondas do mar
devorando tudo que há nesse mundo
como as ondas do mar
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
cento e cinquenta dias
ontem
fim da tarde
vão do Masp
encontrei Olívio, o poeta
ali, como quem não quer nada
como se não fosse, queria um troco
em troca de versos impressos em um livreto
eu gosto de rimas, Olívio
mas pra onde me levariam suas palavras?
cerrado o seu livro está para mim
não tenho como trocá-lo ou tocá-lo
consubstanciá-lo naquilo que precisa
estender e entender sua existência
no vão do Masp
vi ali Olívio
que ninguém mais via
e que só se ouvia
fazendo público apelo
despido de pudor
o escambo: dinheiro por versos
quem, Olívio
no fim do dia
- cansado, torto, cheio de súplica e sem razão -
quer comprar poesia?
Olívio,
fico imaginando como - tanto sentimento que temos -
se vive de olhares
que só se trocam por outros
quem vive deles, Olívio?
convive com eles
quem se alimenta deles
no vão do Masp, às terças
ou na Liberdade, aos domingos
quem come aquilo que sente?
obrigada por me olhar
obrigada por me tocar
por não querer me vender
por não querer se vender
naqueles instantes vivi eu
redescobrindo, aquém desse desânimo que me consome
o que tem dentro de nós
e o que tem, afinal
não importa
mas sim, quando se reconhece
temendo o fim da eternidade do momento
fugi em pensamentos
e com as pernas em meus próximos passos
sorri para quem quer que me cruzasse o caminho
nas calçadas atravessadas
busquei olhares naqueles transeuntes
quem são eles, Olívio?
você que tenta desmistificá-los
gente cheia de prosa
onde estavam quando estivemos chorando suas lágrimas?
desprezam-nos em nossas profundezas
em outro museu com seu vão
com o mundo dentro do peito
eu estava pronta pra me reerguer
obrigada, Olívio
depois de cento e cinquenta dias no inferno da transparência
finalmente vi alguém
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
domingo, 15 de setembro de 2013
O ex-garoto-da-cabeça-separada-do-corpo
Havia um grupo de garotos brincando por ali. Quando nos aproximamos, com nosso grupo, percebemos que estavam no meio da rua. Participávamos todos de uma grande gincana. O nosso grupo era diferente do daqueles meninos que ali brincavam.
Súbito um carro - ou alguma coisa mais estranha que isso - atropelou os meninos. Nenhum deles morreu, mas seus corpos ficaram separados em pedaços espalhados pelo chão. Não havia sangue. Não havia desespero. Não se ouviram gritos. Mas ainda assim, era um grande problema ter partes de corpos espalhadas por aí. O nosso grupo se colocou a ajudar os rapazes. Abandonamos também a competição naquele momento.
Um dos garotos tinha ficado com a cabeça totalmente separada do corpo. Eu não tinha dado conta do paradeiro do corpo e fui logo me aproximando da cabeça, que tinha sido arremessada pra bem longe. Fui me encontrar com ela, a cabeça do garoto. Tomei-a em minhas mãos. Segurei seu leve peso não sabendo muito bem como fazer aquilo. Era estranho. Não sabia se ele sentia dor. Não dava pra ver suas estranhas.
Olhei firme nos olhos dele, embora não me lembre muito bem se ele chegou a abri-los. Notei que era um garoto muito bonito. Uma beleza que ia muito além da beleza física. Os cabelos eram lisos e pretos com uma franja que lhe caía nos olhos. O rosto bastante branco. Não posso dizer se era alto, nem mesmo magro.
Sem saber o que estava fazendo, comecei a acariciar o cabelo dele. Cheirar o rosto, as bochechas e as proximidades da boca. Eu gostei muito do cheiro dele e de como ele ficava preso entre a fina penugem que cobria sua pele. É uma coisa incrível essa de cheirar as pessoas. Ao longo do cheiro você descobre as texturas e como elas podem se combinar e variar pra produzir os cheiros que guardamos em nosso corpo. Eu gostei tanto do cheiro daquele rosto que quando me lembro disso, ironicamente, fico sem ar. Mas naquele momento eu buscava o cheiro dele, como se buscasse o próprio ar. Como eu ia respirando ele, sentia que os meus pulmões se enchiam, mas não era só de ar, ou de cheiro. Eram sentimentos pesados, que eu poderia descrever a sensação do passar pela laringe, pelo esôfago, pelo estômago e irem se instalar em todos os cantos ali dentro de mim, que ainda tinha um corpo pra sentir tanta coisa.
Como me senti à vontade e com vontade de fazê-lo, fui beijando seu rosto todo, as bochechas, os lábios. Devagar. Rápido. Percebi que era quente a sua boca e também dentro dele. Embora dentro dele fosse só uma cabeça, sem motivo pra ser quente. Era tão bom, que eu queria ter uma caixa pra guardar aquela sensação. À medida que nos beijávamos, sorriamos. Senti que o amava cada vez mais, e e era um amor muito grande, desses que eu só senti em sonhos.
Abracei aquela cabeça, como se nunca tivesse abraçado ninguém ou nada antes na vida. Com um tamanho desespero, uma urgência. Uma vontade de fazer a cabeça se fundir com o meu ser, com o meu próprio corpo. Abracei a cabeça como se estivesse abraçando seu corpo inteiro. Abracei a cabeça como se tivesse a necessidade de possuir a sua existência, como se ela fosse eu. A sensação mais mágica de todas é que me senti abraçada de corpo inteiro também. Inerte na felicidade daquele momento de troca. Feliz com o amor que eu, finalmente, podia dar pra alguém. Sem medos, sem jogos, sem pensar. Embora o amor com a cabeça parece direcionar-nos exatamente na direção contrária aos sentimentos.
Comecei a me perguntar como ele se sentia com aquela situação. Eu ali agarrando a cabeça dele, no meio de um acidente. Ele ali sem corpo. O que ele sentia? Poderia sentir? Ele não podia se mover. Não tinha escolha. Mas correspondeu aos meus cheiros, meus beijos, meus abraços, meus sorrisos. Estava sereno. Os olhos fechados e sem palavras. Era uma confiança mútua. Eu abraçava a cabeça e pensava bem forte: "você vai ficar bem!". Eu fiz amor com uma cabeça no meio de um cenário trágico. Um cenário que para a própria cabeça seria desesperador.
Não lembro exatamente da sequência de fatos que se desenrolou desde então. Mas sei que nos separamos por um tempo. Ele foi para algum lugar onde poderiam usar um pouco de magia para remendar seus pedaços. Os dois pedaços que tinham sido feitos dele. Muito tempo foi se passando e eu não tive mais notícias.
Num desses dias, eu me encontrei com um rapaz que tem as mesmas características físicas do garoto sem corpo. Não me lembro como, nem porque. Simplesmente aconteceu, no meio da rua, próximo ao local do acidente. Além da semelhança física ele demonstrou me conhecer. No começo eu achei que era o garoto sem corpo, mas não era não. Era apenas uma sombra. Ele falava demais e eu não confiava no que saia de sua boca. Não havia entre nós nenhuma ligação parecida com aquela que fica entre duas pessoas que tenham feito amor.
Começamos a nos beijar. Eu e aquele andróide esquisito. Eu achei que não fosse ter nenhum problema. Achei que o garoto sem corpo não voltaria mais e que era hora de tocar a minha vida adiante. Eu já tinha tentando esquecer o garoto sem corpo, mas eu não queria. É difícil abandonar, se desapegar de um sentimento como aquele. É uma pena ter que abrir de algo tão raro.
O garoto do corpo separado apareceu naquele dia. Ele estava fisicamente bem. Tinha novamente o corpo colado à cabeça. Ele ficou surpreso e pareceu muito triste ao ver que eu estava com a sua sombra. Meu coração partiu. A sensação era péssima. Eu nunca tinha feito aquilo e me senti muito mal por ter "enganado" o ex-garoto-da-cabeça-separada-do-corpo. Eu me senti devastada pela tristeza que vi se manifestando com a presença dele. Nós nos separamos. Foi muito duro viver sabendo que havia aquela distância enorme entre nós. Uma distância que eu não poderia percorrer.
Lembrei que eu tinha uma espécie de encantamento pra usar. Não sei como eu tinha conseguido aquilo, eram uma coisa difícil de achar ou de fazer hoje em dia, e eu só tinha um. Era um encantamento do esquecimento. Decidi usá-lo para fazer o ex-garoto-da-cabeça-separada-do-corpo esquecer a cena
que tinha visto naquele dia em que eu estava com a sua sombra.
Eu queria muito que ele não ficasse triste. Eu queria muito ficar com ele. Eu queria muito que ele não tivesse ficado triste por minha causa. Isso só seria possível se ele esquecesse o que tinha visto. Quando usei o encantamento, ele se esqueceu. Não estava mais triste. Mas mesmo estando perto de mim, nós não estávamos mais juntos. Eu não usei o encantamento em mim. Ainda me lembrava de tudo. Sabia o que tinha feito. Não havia mais sintonia em nosso pensamento.
Apareceu alguém no meio do meu sofrimento e me disse que a única maneira de eu me livrar daquilo
era contando a verdade ao ex-garoto-da-cabeça-separada-do-corpo. Foi então o que fiz imediatamente. Não me lembro de sua reação. Não me lembro do que aconteceu. Depois acordei. Separada mais uma vez do ex-garoto-da-cabeça-separada-do-corpo. Vários mundos distante.
Onde acordei não existem encantamentos, como tenho percebido duramente. Tudo que eu queria era me fazer esquecer que se pode ser tão feliz.
Súbito um carro - ou alguma coisa mais estranha que isso - atropelou os meninos. Nenhum deles morreu, mas seus corpos ficaram separados em pedaços espalhados pelo chão. Não havia sangue. Não havia desespero. Não se ouviram gritos. Mas ainda assim, era um grande problema ter partes de corpos espalhadas por aí. O nosso grupo se colocou a ajudar os rapazes. Abandonamos também a competição naquele momento.
Um dos garotos tinha ficado com a cabeça totalmente separada do corpo. Eu não tinha dado conta do paradeiro do corpo e fui logo me aproximando da cabeça, que tinha sido arremessada pra bem longe. Fui me encontrar com ela, a cabeça do garoto. Tomei-a em minhas mãos. Segurei seu leve peso não sabendo muito bem como fazer aquilo. Era estranho. Não sabia se ele sentia dor. Não dava pra ver suas estranhas.
Olhei firme nos olhos dele, embora não me lembre muito bem se ele chegou a abri-los. Notei que era um garoto muito bonito. Uma beleza que ia muito além da beleza física. Os cabelos eram lisos e pretos com uma franja que lhe caía nos olhos. O rosto bastante branco. Não posso dizer se era alto, nem mesmo magro.
Sem saber o que estava fazendo, comecei a acariciar o cabelo dele. Cheirar o rosto, as bochechas e as proximidades da boca. Eu gostei muito do cheiro dele e de como ele ficava preso entre a fina penugem que cobria sua pele. É uma coisa incrível essa de cheirar as pessoas. Ao longo do cheiro você descobre as texturas e como elas podem se combinar e variar pra produzir os cheiros que guardamos em nosso corpo. Eu gostei tanto do cheiro daquele rosto que quando me lembro disso, ironicamente, fico sem ar. Mas naquele momento eu buscava o cheiro dele, como se buscasse o próprio ar. Como eu ia respirando ele, sentia que os meus pulmões se enchiam, mas não era só de ar, ou de cheiro. Eram sentimentos pesados, que eu poderia descrever a sensação do passar pela laringe, pelo esôfago, pelo estômago e irem se instalar em todos os cantos ali dentro de mim, que ainda tinha um corpo pra sentir tanta coisa.
Como me senti à vontade e com vontade de fazê-lo, fui beijando seu rosto todo, as bochechas, os lábios. Devagar. Rápido. Percebi que era quente a sua boca e também dentro dele. Embora dentro dele fosse só uma cabeça, sem motivo pra ser quente. Era tão bom, que eu queria ter uma caixa pra guardar aquela sensação. À medida que nos beijávamos, sorriamos. Senti que o amava cada vez mais, e e era um amor muito grande, desses que eu só senti em sonhos.
Abracei aquela cabeça, como se nunca tivesse abraçado ninguém ou nada antes na vida. Com um tamanho desespero, uma urgência. Uma vontade de fazer a cabeça se fundir com o meu ser, com o meu próprio corpo. Abracei a cabeça como se estivesse abraçando seu corpo inteiro. Abracei a cabeça como se tivesse a necessidade de possuir a sua existência, como se ela fosse eu. A sensação mais mágica de todas é que me senti abraçada de corpo inteiro também. Inerte na felicidade daquele momento de troca. Feliz com o amor que eu, finalmente, podia dar pra alguém. Sem medos, sem jogos, sem pensar. Embora o amor com a cabeça parece direcionar-nos exatamente na direção contrária aos sentimentos.
Comecei a me perguntar como ele se sentia com aquela situação. Eu ali agarrando a cabeça dele, no meio de um acidente. Ele ali sem corpo. O que ele sentia? Poderia sentir? Ele não podia se mover. Não tinha escolha. Mas correspondeu aos meus cheiros, meus beijos, meus abraços, meus sorrisos. Estava sereno. Os olhos fechados e sem palavras. Era uma confiança mútua. Eu abraçava a cabeça e pensava bem forte: "você vai ficar bem!". Eu fiz amor com uma cabeça no meio de um cenário trágico. Um cenário que para a própria cabeça seria desesperador.
Não lembro exatamente da sequência de fatos que se desenrolou desde então. Mas sei que nos separamos por um tempo. Ele foi para algum lugar onde poderiam usar um pouco de magia para remendar seus pedaços. Os dois pedaços que tinham sido feitos dele. Muito tempo foi se passando e eu não tive mais notícias.
Num desses dias, eu me encontrei com um rapaz que tem as mesmas características físicas do garoto sem corpo. Não me lembro como, nem porque. Simplesmente aconteceu, no meio da rua, próximo ao local do acidente. Além da semelhança física ele demonstrou me conhecer. No começo eu achei que era o garoto sem corpo, mas não era não. Era apenas uma sombra. Ele falava demais e eu não confiava no que saia de sua boca. Não havia entre nós nenhuma ligação parecida com aquela que fica entre duas pessoas que tenham feito amor.
Começamos a nos beijar. Eu e aquele andróide esquisito. Eu achei que não fosse ter nenhum problema. Achei que o garoto sem corpo não voltaria mais e que era hora de tocar a minha vida adiante. Eu já tinha tentando esquecer o garoto sem corpo, mas eu não queria. É difícil abandonar, se desapegar de um sentimento como aquele. É uma pena ter que abrir de algo tão raro.
O garoto do corpo separado apareceu naquele dia. Ele estava fisicamente bem. Tinha novamente o corpo colado à cabeça. Ele ficou surpreso e pareceu muito triste ao ver que eu estava com a sua sombra. Meu coração partiu. A sensação era péssima. Eu nunca tinha feito aquilo e me senti muito mal por ter "enganado" o ex-garoto-da-cabeça-separada-do-corpo. Eu me senti devastada pela tristeza que vi se manifestando com a presença dele. Nós nos separamos. Foi muito duro viver sabendo que havia aquela distância enorme entre nós. Uma distância que eu não poderia percorrer.
Lembrei que eu tinha uma espécie de encantamento pra usar. Não sei como eu tinha conseguido aquilo, eram uma coisa difícil de achar ou de fazer hoje em dia, e eu só tinha um. Era um encantamento do esquecimento. Decidi usá-lo para fazer o ex-garoto-da-cabeça-separada-do-corpo esquecer a cena
que tinha visto naquele dia em que eu estava com a sua sombra.
Eu queria muito que ele não ficasse triste. Eu queria muito ficar com ele. Eu queria muito que ele não tivesse ficado triste por minha causa. Isso só seria possível se ele esquecesse o que tinha visto. Quando usei o encantamento, ele se esqueceu. Não estava mais triste. Mas mesmo estando perto de mim, nós não estávamos mais juntos. Eu não usei o encantamento em mim. Ainda me lembrava de tudo. Sabia o que tinha feito. Não havia mais sintonia em nosso pensamento.
Apareceu alguém no meio do meu sofrimento e me disse que a única maneira de eu me livrar daquilo
era contando a verdade ao ex-garoto-da-cabeça-separada-do-corpo. Foi então o que fiz imediatamente. Não me lembro de sua reação. Não me lembro do que aconteceu. Depois acordei. Separada mais uma vez do ex-garoto-da-cabeça-separada-do-corpo. Vários mundos distante.
Onde acordei não existem encantamentos, como tenho percebido duramente. Tudo que eu queria era me fazer esquecer que se pode ser tão feliz.
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
orgia
bruno me levou para uma orgia essa noite
tinha muita gente
mas eu só a avistei
e comecei a ter com ela
desde o começo, uma orgia
que eu nunca quis
todas essas pessoas com olhares sensuais
e eu, flertando com a preguiça
no meio do caminho, uma orgia
que eu precisava
e todas essas pessoas gemendo
e eu, comendo calada a preguiça
e bruno?
esbaldava-se.
eu lá jogada num sofá
com tanta preguiça!
demos uns pegas
devagarinho
e dancei também com elas
fizemos de tudo um pouco
a dois, a três
as preguiças e eu
não sou mais a mesma
depois dessa atropelança cansada
não pense que terminei a noite sozinha
que sorte!
saí ainda na companhia dela
fugimos juntas para o meu loft
uma orgia!
obrigada.
nunca cheguei a acreditar que eu seria capaz.
depois de todos, no final
a quem devo agradecer?
tinha muita gente
mas eu só a avistei
e comecei a ter com ela
desde o começo, uma orgia
que eu nunca quis
todas essas pessoas com olhares sensuais
e eu, flertando com a preguiça
no meio do caminho, uma orgia
que eu precisava
e todas essas pessoas gemendo
e eu, comendo calada a preguiça
e bruno?
esbaldava-se.
eu lá jogada num sofá
com tanta preguiça!
demos uns pegas
devagarinho
e dancei também com elas
fizemos de tudo um pouco
a dois, a três
as preguiças e eu
não sou mais a mesma
depois dessa atropelança cansada
não pense que terminei a noite sozinha
que sorte!
saí ainda na companhia dela
fugimos juntas para o meu loft
obrigada.
nunca cheguei a acreditar que eu seria capaz.
depois de todos, no final
a quem devo agradecer?
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
...
não vou abandonar o que não faz sentido
não estou louca
mas eu queria estar
tudo que possuo
torna-se amarra
dizer olá a tanta gente
deixar de pensá-las
pois possuo as palavras
apenas enquanto não me escapam da boca
há coisa por aí que não se diz
e que poderia salvar o mundo
ele mesmo uma transmutação de paisagem
em pensamento, sentido e,
por fim, em palavra
era o céu
meu desejo
era o mar
minhas lágrimas
hoje é o deserto
meu coração
sem beirar a loucura ainda
abandonei muita coisa
mas não o sorriso,
esse me tem roubado
não estou louca
mas eu queria estar
tudo que possuo
torna-se amarra
dizer olá a tanta gente
deixar de pensá-las
pois possuo as palavras
apenas enquanto não me escapam da boca
há coisa por aí que não se diz
e que poderia salvar o mundo
ele mesmo uma transmutação de paisagem
em pensamento, sentido e,
por fim, em palavra
era o céu
meu desejo
era o mar
minhas lágrimas
hoje é o deserto
meu coração
sem beirar a loucura ainda
abandonei muita coisa
mas não o sorriso,
esse me tem roubado
vindur í hárinu
Rugas
eu acho as rugas bonitas
elas acrescentam algo metafísico misterioso
à nossa personalidade
as rugas que me vão aparecendo
são marcas
de não-desistência
as rugas são cicatrizes heróicas,
ilustrações do tempo
pra mostrar que persistimos vivendo
e eu gosto delas!
elas acrescentam algo metafísico misterioso
à nossa personalidade
as rugas que me vão aparecendo
são marcas
de não-desistência
as rugas são cicatrizes heróicas,
ilustrações do tempo
pra mostrar que persistimos vivendo
e eu gosto delas!
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
sábado, 7 de setembro de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
seus
o mar é o céu
o céu é o mar
o mar e o céu
o céu e o mar
o mar é o céu
o mar é seu
é seu o mar
é seu o céu
o céu amar
o már é céus
amar, o mar
omaromaromaromaromaromaromar
o céu é o mar
o mar e o céu
o céu e o mar
o mar é o céu
o mar é seu
é seu o mar
é seu o céu
o céu amar
o már é céus
amar, o mar
omaromaromaromaromaromaromar
flies
time flies
flies fly
time ties
times tie
time's tie
fly, flies!
time lies
flies tie
fly ties
flies's tie
flies
times
thousands
flies fly
time ties
times tie
time's tie
fly, flies!
time lies
flies tie
fly ties
flies's tie
flies
times
thousands
domingo, 25 de agosto de 2013
E tudo que é vivo
tem olhos por aí
e vive
E tudo que é vivo
anda, nada, voa ou se aquieta
se reconhece e se inquieta
Nada há de acontecer
fora desse ciclo repentino
Tudo há que percorrer o dentro d'alma
e suceder a plenitude do amor
sentimento que há de perdurar
atingir o âmago do mundo
de onde tudo se ilumina
onde tudo que é vivo vive
e se reconhece
tem olhos por aí
e vive
E tudo que é vivo
anda, nada, voa ou se aquieta
se reconhece e se inquieta
Nada há de acontecer
fora desse ciclo repentino
Tudo há que percorrer o dentro d'alma
e suceder a plenitude do amor
sentimento que há de perdurar
atingir o âmago do mundo
de onde tudo se ilumina
onde tudo que é vivo vive
e se reconhece
sábado, 17 de agosto de 2013
detetive
eu era tão feliz
eu era risada
e assim sendo
eu era
hoje, definho
alguma coisa sugou meu sorriso
e alguém levou-me o coração
contrato um detetive?
eu era risada
e assim sendo
eu era
hoje, definho
alguma coisa sugou meu sorriso
e alguém levou-me o coração
contrato um detetive?
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
quarta-feira, 24 de julho de 2013
peixe
eu sou um peixe
mas não vivo em aquário
o que me sobrou foi um balão
com um pouco de água e ar
e uma cordinha solta que desafia a gravidade da situação
já me espalhei por aí
em todo lugar
em outros balões
em um saco plástico
mas hoje é esse o meu mundo sintético claustrofóbico
não tem espaço
onde bater barbatanas
tampouco pra nadar
então eu nada
mas os aquários também são assim
com a desvantagem de serem de vidro
já meu balão é inflável
e através dele vejo um mundo colorido
não que isso faça da situação contornável
quero sair daqui
já estive com outros peixes
e sei como é
mas não vivo em aquário
o que me sobrou foi um balão
com um pouco de água e ar
e uma cordinha solta que desafia a gravidade da situação
já me espalhei por aí
em todo lugar
em outros balões
em um saco plástico
mas hoje é esse o meu mundo sintético claustrofóbico
não tem espaço
onde bater barbatanas
tampouco pra nadar
então eu nada
mas os aquários também são assim
com a desvantagem de serem de vidro
já meu balão é inflável
e através dele vejo um mundo colorido
não que isso faça da situação contornável
quero sair daqui
já estive com outros peixes
e sei como é
hoje esse é meu mundo sustentável solitário
os outros peixes riem-se de mim
dizem que sou louco
que não vejo o mundo como ele é
que tudo na minha cabeça não passa de uma grande enganação
esses peixes riem-se de mim em seus aquários de última geração
riem-se porque acham que um aquário é tudo na vida
riem-se porque acreditam ter a verdade em suas pequenas memórias-de-peixe
e que me importam vocês, peixes?
o que eu quero mesmo saber
é se existem peixes além dessa vida de aquário que vocês levam
será que ocupam outros peixes, os vales aquíferos desses mundos?
sei que fora d'água
não vivem peixes
água salgada
sei que tem
mas seria ela habitada?
o meu mundo instável cor vermelho-chamas
está prestes a explodir
sem água no ar, eu me afogo
no dia em que se for pelos ares
eu me vou também
sem ele
domingo, 21 de julho de 2013
Maquiagem
arrumei umas tintas pra colorir a minha cara lavada
e ela foi então riscada
com alguns chuviscos
minha cara limpa era um papel
mas remelei de rímel nos cílios
depois o pó veio cobrindo-a toda num tom pastel
daí de repente
como quem usa um solvente
me colori de lágrimas
que desceram grossas pelo rosto
em meio a tinta preta deles
molharam os cílios
que escorreram
num degradê que tingiu a minha cara de preto
e nublou o tempo bem debaixo dos meus olhos
minha cara ficou borrada
quando passei a mão pra limpar a lágrima
feito pincel
manchada
desmanchada
e a borracha que apaga, cadê?
e ela foi então riscada
com alguns chuviscos
minha cara limpa era um papel
mas remelei de rímel nos cílios
depois o pó veio cobrindo-a toda num tom pastel
daí de repente
como quem usa um solvente
me colori de lágrimas
que desceram grossas pelo rosto
em meio a tinta preta deles
molharam os cílios
que escorreram
num degradê que tingiu a minha cara de preto
e nublou o tempo bem debaixo dos meus olhos
minha cara ficou borrada
quando passei a mão pra limpar a lágrima
feito pincel
manchada
desmanchada
e a borracha que apaga, cadê?
terça-feira, 16 de julho de 2013
segunda-feira, 8 de julho de 2013
cachorro
sou um cachorro
sou um cachorro que nunca olha pra trás
seis minutos depois, sou um cachorro que mente
o que significa, inclusive, que posso não ser um cachorro
mas tenho fome e ossos me atraem
sou valente quando os grandes me enfrentam
sou um cachorro que ouve post-rock
gosto de rolar na grama e no Sol
faço xixi no poste
eu confio em todo mundo
sou fluente em onírico-cachorrês
eu sou um vagabundo
sou cachorro no horóscopo chinês
sou um cachorro
que acha que é um vira-lata
mas olhando de fora do meu mundo canino
diria que sou um vira-lata mesmo
sou um cachorro que nunca olha pra trás
seis minutos depois, sou um cachorro que mente
o que significa, inclusive, que posso não ser um cachorro
mas tenho fome e ossos me atraem
sou valente quando os grandes me enfrentam
sou um cachorro que ouve post-rock
gosto de rolar na grama e no Sol
faço xixi no poste
eu confio em todo mundo
sou fluente em onírico-cachorrês
eu sou um vagabundo
sou cachorro no horóscopo chinês
sou um cachorro
que acha que é um vira-lata
mas olhando de fora do meu mundo canino
diria que sou um vira-lata mesmo
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Juca
eu que fui jovem
achei que poderia querer tudo
achei que o Sol não me faria enrugar
achei que o tempo era infinito
que o amor era bonito
e a saudade era um lugar
achei que empregos não eram importantes
e encontrei dez reais jogados na rua, que me fizeram feliz
molhei meus sapatos e os meus pés na lama
e pensei que um cumprimento legal era dizer a toda gente:
"aperte o seu nariz"
eu quem fui, jovem
comia açúcar mascavo e também açúcar torrão de monte
já quis vender camiseta na praça
e também brinco de hippie na fonte
hoje quero ser dançarina
e amanhã já não importa mais
engarrafava pinga e datilografava
que dormi assistindo ao concerto orquestrado dos poemas de Vinícius de Moraes
e amanhã quem sabe o Laos
ou um país desses, que a minha cabeça pequena julgue ser estranho
e fui jovem
quando fui a muitos lugares
e me esbaldava numa dessas gargalhadas sem tamanho
quando eu neles ria
que fui Platônica
e que me iludi várias vezes
dando o coração aos cantores do Youtube
e editores da Wikipédia
achei que o amor era eterno
que a vida era uma comédia,
e acabei por espatifar a cara no chão.
Que delicioso tombo!
achei que poderia querer tudo
achei que o Sol não me faria enrugar
achei que o tempo era infinito
que o amor era bonito
e a saudade era um lugar
achei que empregos não eram importantes
e encontrei dez reais jogados na rua, que me fizeram feliz
molhei meus sapatos e os meus pés na lama
e pensei que um cumprimento legal era dizer a toda gente:
"aperte o seu nariz"
eu quem fui, jovem
comia açúcar mascavo e também açúcar torrão de monte
já quis vender camiseta na praça
e também brinco de hippie na fonte
hoje quero ser dançarina
e amanhã já não importa mais
engarrafava pinga e datilografava
que dormi assistindo ao concerto orquestrado dos poemas de Vinícius de Moraes
e amanhã quem sabe o Laos
ou um país desses, que a minha cabeça pequena julgue ser estranho
e fui jovem
quando fui a muitos lugares
e me esbaldava numa dessas gargalhadas sem tamanho
quando eu neles ria
que fui Platônica
e que me iludi várias vezes
dando o coração aos cantores do Youtube
e editores da Wikipédia
achei que o amor era eterno
que a vida era uma comédia,
e acabei por espatifar a cara no chão.
Que delicioso tombo!
segunda-feira, 6 de maio de 2013
E essa noite eu tive um sonho, como em todas as outras
estava numa ferrovia conhecida, em algum ugar bonito e muito misterioso
havia um sentimento estranho, que sempre me acomete naquele lugar
de que havia um assassino por perto, algum louco, perigoso.
eu gosto dos loucos, mas não daquele sentimento de ter que fugir deles.
em algum momento mirei o longe, e vi montanhas cheias de neve no topo.
era uma cena bonita, como se fosse um enquadramento de fotografia.
de repente as montanhas se transformaram em tênis All Star gigantes, do mesmo tamanho das montanhas.
Eram discos voadores!
estava numa ferrovia conhecida, em algum ugar bonito e muito misterioso
havia um sentimento estranho, que sempre me acomete naquele lugar
de que havia um assassino por perto, algum louco, perigoso.
eu gosto dos loucos, mas não daquele sentimento de ter que fugir deles.
em algum momento mirei o longe, e vi montanhas cheias de neve no topo.
era uma cena bonita, como se fosse um enquadramento de fotografia.
de repente as montanhas se transformaram em tênis All Star gigantes, do mesmo tamanho das montanhas.
Eram discos voadores!
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