tinha uma chuva olhada escorrendo lá fora,
foi a chuva menos molhada que já se viu
olhe!
não é que não pudesse me encharcar
ou que não caíssem gotas suficientes
eu vi que tinham
e eram de água corrente
mas é que caíam olhos ao invés de pingos
toda a água na qual ia se esvaindo
era de lágrimas que tropeçaram
e que como os rios
foram para o mar
fui tomar aquela chuva pela primeira vez
e não pude mais vê-la,
pois era a chuva que tinha olhos
pra me m'olhar
se vinham do céu,
eram anjos então
tinham asas olhos
ou eram dos anjos elas?
sei só que choveram olhares
milhares de m'olhares
e um molho deles se formou no chão
de quem era aquele choro
que chovia?
feito num coro de vozes pingadas
ou de piscadas
dos anjos
que me olham
quem se molham
depois da chuva
evaporaram todos das poças de olhares,
ou usaram umas asas
para vestir as suas vestes
e tornar pra d'onde vieram
... as órbitas
se eram anjos
choravam à revelia
ficou escuro pra que pudessem chover em paz
não os vi,
mas chorei também
e quando a noite caiu,
ainda era dia.
poesia infantil poesia molhada trocadilho de roupa poesia engraçada não sense senil
terça-feira, 30 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
tempero
A luz de um dia frio
foi tudo o que sobrou do vento
quando mandou sua mensageira
anunciar o dia daquela chegada
O vento fez do tempo sua morada,
e a pobre mensageira
solidão
A luz da lamparina
brisa apagou primeiro
o que dela sobrou
foi um cinzeiro
e um prelúdio da escuridão
Como enganam seus olhos
quando se tem fome!
um furacão passou
confundindo nossas identidades
e a menina de recados
roubou meu nome,
ruborizei-me,
pelo nú
Fico esperando ele passar
seguido de uma ausência,
que sei,
vai se apossar de mim
Roendo o último fio
das coisas nas quais acredito
o mal dito
pra quem eu quis tudo
... tudo há de ruir
depois dessa tempestade
quando até o brilho do último tanto
de luz vai se mandar
Quando o vento sopra
leva tudo que resta,
e não há luz que ilumine
quando não se tem mais nada,
pra acreditar.
foi tudo o que sobrou do vento
quando mandou sua mensageira
anunciar o dia daquela chegada
O vento fez do tempo sua morada,
e a pobre mensageira
solidão
A luz da lamparina
brisa apagou primeiro
o que dela sobrou
foi um cinzeiro
e um prelúdio da escuridão
Como enganam seus olhos
quando se tem fome!
um furacão passou
confundindo nossas identidades
e a menina de recados
roubou meu nome,
ruborizei-me,
pelo nú
Fico esperando ele passar
seguido de uma ausência,
que sei,
vai se apossar de mim
Roendo o último fio
das coisas nas quais acredito
o mal dito
pra quem eu quis tudo
... tudo há de ruir
depois dessa tempestade
quando até o brilho do último tanto
de luz vai se mandar
Quando o vento sopra
leva tudo que resta,
e não há luz que ilumine
quando não se tem mais nada,
pra acreditar.
Carpas.
O tempo escapa ...
ao tempo
O tempo escarpa
o tempo ex-carpa,
o que é ele
quando não era um peixe?
ao tempo
O tempo escarpa
o tempo ex-carpa,
o que é ele
quando não era um peixe?
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Crendices de Goiás II
segunda-feira, 8 de junho de 2009
sobre a velhice
as rugas, as pulgas, e os mosquitos
vem todos do mesmo lugar
as rugas são berrugas,
que os mosquitos vão sugar
eles cavam leitos macios
para as pulgas
que vem depois neles pular.
vem todos do mesmo lugar
as rugas são berrugas,
que os mosquitos vão sugar
eles cavam leitos macios
para as pulgas
que vem depois neles pular.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
trova língua
do trovador
só se ouvia a trovoada
e da nuvem,
o trovão
o céu dispersa
mas que trovação transversa
só se ouvia a trovoada
e da nuvem,
o trovão
o céu dispersa
mas que trovação transversa
tromba língua
o elefante trombou
na pŕopria tromba,
daí as trombetas
trombetearam,
quanta tromba tem ação
mas que trombe teação!
na pŕopria tromba,
daí as trombetas
trombetearam,
quanta tromba tem ação
mas que trombe teação!
Pára-taço
pára-taço
apara os raios que caem na cabeça
não te esqueça
das descargas que trazem azar
tanto que clamas pelo excesso dele
pára taço!
de passar mantega nas costas do gato
pra testar a própria sorte
não tem outro jeito
as coisas sempre caem de cabeça pra baixo
e grudam no chão
tantos anos tenta a sorte
captá-la para taço nos raios da televisão
com antenas das pequenas
as baratas que as tem
pensa quieto
segue calado
se as traço as absorvo eu também?
para taço
em papel carta e traços rotos que rabiscou
com nankin
pára de traçar o azar,
diz parate pra mim.
apara os raios que caem na cabeça
não te esqueça
das descargas que trazem azar
tanto que clamas pelo excesso dele
pára taço!
de passar mantega nas costas do gato
pra testar a própria sorte
não tem outro jeito
as coisas sempre caem de cabeça pra baixo
e grudam no chão
tantos anos tenta a sorte
captá-la para taço nos raios da televisão
com antenas das pequenas
as baratas que as tem
pensa quieto
segue calado
se as traço as absorvo eu também?
para taço
em papel carta e traços rotos que rabiscou
com nankin
pára de traçar o azar,
diz parate pra mim.
terça-feira, 2 de junho de 2009
Para Ícaro
por mais incrível que possa parecer
sei do que estou falando dessa vez
ícaro é meu primo
e já deixou o labirinto
enganando seu pai
como ele sempre quis
pobre ícaro
meu parente infeliz
quem tem um sonho como esse afinal?
voar em direção ao Sol
tornaria à terra que nem sal,
feito em pó
ícaro, ícaro
chego a sentir dó
não que não fosse inconstante
o outro grego
seu semelhante,
a proximidade com aquela estrela
os uniu no desejo
sei que Ícaro sofreu
mas era esse seu ensejo,
embora macabro e mortal
ele tinha então asas pra voar
imagino que fosse impossível não fazê-lo,
sentir a brisa do mar fora do labirinto
não me venham dizer que nessa história minto
quando na verdade foi meu primo quem enganou seu pai
e como fosse avesso
à tropeços
ao prazer das asas se rendeu,
umas que o vi coser
não tenho negado nosso parentesco
desde então
à despeito do que possa parecer
deixou seu calabouço
mas para junto do pai sempre voltava,
ele havia dito ao menino
a verdade nua e crua
encontrei outro dia o Minotauro na rua
e ele me disse: "ícaro morreu",
não acreditei ...
... vieram me entregar os restos mortais de icaro essa manhã
quando finalmente chorei,
não balbuciei palavra
não se ouviu ruído
"melhor viver e voar uma vez do que não voar e ter morrido"
sei do que estou falando dessa vez
ícaro é meu primo
e já deixou o labirinto
enganando seu pai
como ele sempre quis
pobre ícaro
meu parente infeliz
quem tem um sonho como esse afinal?
voar em direção ao Sol
tornaria à terra que nem sal,
feito em pó
ícaro, ícaro
chego a sentir dó
não que não fosse inconstante
o outro grego
seu semelhante,
a proximidade com aquela estrela
os uniu no desejo
sei que Ícaro sofreu
mas era esse seu ensejo,
embora macabro e mortal
ele tinha então asas pra voar
imagino que fosse impossível não fazê-lo,
sentir a brisa do mar fora do labirinto
não me venham dizer que nessa história minto
quando na verdade foi meu primo quem enganou seu pai
e como fosse avesso
à tropeços
ao prazer das asas se rendeu,
umas que o vi coser
não tenho negado nosso parentesco
desde então
à despeito do que possa parecer
deixou seu calabouço
mas para junto do pai sempre voltava,
ele havia dito ao menino
a verdade nua e crua
encontrei outro dia o Minotauro na rua
e ele me disse: "ícaro morreu",
não acreditei ...
... vieram me entregar os restos mortais de icaro essa manhã
quando finalmente chorei,
não balbuciei palavra
não se ouviu ruído
"melhor viver e voar uma vez do que não voar e ter morrido"
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