quinta-feira, 8 de julho de 2010

vassouristas

Não tenho tido muito o que fazer ultimamente.
Hoje à tarde, quando voltava do almoço, ocorreu-me uma ocupação.
Marcava cinco horas, o relógio.
Passava eu quase que engolindo os raios de sol que me aqueciam os ossos.
Passei por um menino na calçada.
Ele tentava vender vassouras caseiras de palha de porta em porta.

O menino as segurava. Uma dúzia inteira delas.
Entrelaçavam-se umas com as outras e ele as trazia por cima de um ombro magro.
"Talvez eu também possa vender vassouras", foi o que pensei.
O meu pai vendia queijo, eu mesma já vendi missangas, desenhos, pinga.
Mas agora vou às vassouras!

Coloquei-me a imaginar tantas situações ridículas/engraçadas na minha nova profissão: encontrando pessoas importantes que me desprezaram na rua e tentando lhes vender vassouras; indo à casa de amigos queridos; das comadres vizinhas de minha avó; entregando vassouras como esmola na rua.
Vassouras eram a minha nova moeda de troca
É incrível aonde a imaginação vai em pouco mais de vinte segundos.

Reparei na falta de tino comercial do muleque.
Ele não sabia conquistar as pessoas.
Atraí-las para as vassouras.
Traí-las.
Ele não sabia vendê-las!
Talvez porque tivesse vergonha do próprio ofício, ou então das vassouras.

O menino e eu demos a volta no quarteirão e no encontramos quase que em frente da minha casa.
O garoto gritou de longe: "Váááááá-ssouraaaaa" num tom interrogativo.
Por um segundo: "compro ou não compro?" e respondi: "Nã-ãã-o obrigá-ada"
Mas que menino mole!
Nem à mim que tentava ingressar no ramo ele conseguiu convencer.

Fiquei pensando que deveria ter comprado uma vassoura do menino.
Eu o ouvi dizendo ao vizinho que eram vassouras caseiras.
Isso não se vê mais por aí.

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