Pareciam ter um buraco no meio do peito
o que falavam e quando emitiam algum som
não era permanente
lhes escapava através de um furo,
que tinham no peito
As pessoas daquela sala
separadas por 32 divisórias
conversavam muito sobre os negócios dos outros
Estava lá e tive medo de ser notada
mirava aquele buraco
e me parecia ser ele mesmo a razão de tanta falta
que havia nelas
Era triste o uníssono do silêncio
pior que ele
as almas que se esquivavam das janelas ausentes
perenes naquelas divisões angustiantes
Parecia ser uma fumaça
que envolvia seus rostos em sorrisos
e disfarçava as vontades que de fato
fugiam delas mesmas
Eram enfadonhamente monótonas
as suas disputas por 32 dinheiros
ridículas se tomadas num cenário cósmico
Lá fora ardia o dia
como sempre
ou teria o Sol se apagado
pra chover torrencialmente no fim?
ele mesmo se desprendia de minhas mãos
através de buracos,
feito areia encharcada
que me interrompia o fluxo da respiração
Sufocava,
sequer notaram...
preocupavam-se em suas baias
com cotações.
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