terça-feira, 12 de abril de 2011

Desodorante Seco

Eu fecho os olhos e me vem a imagem deles.
Pêlos pretos de axila, compridos até.
Cobertos por um pó branco.

Eu quero voltar a ser como eu era.
Reconhecer-me no espelho.
Dançar alucinada uma música maluca no escuro da minha imaginação.
Repetidamente.

Essa cidade me angustia.
Tem gente chorando por todos os cantos,
como um câncer, um pêlo preto encravado de sovaco.
Sufocando. Incomodando.
Presos numa malha branca.
Como se fossem desodorante seco debaixo do braço.

Só se via aos pedaços.

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