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segunda-feira, 26 de novembro de 2012
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Gostagem
Eu não tenho dinheiro.
Não tenho reconhecimento, que é diferente de dinheiro, mas as pessoas confundem.
(É importante deixar isso claro de uma vez por todas,
mesmo porque nada mais do que eu falo tem coisa alguma a ver com aquilo que já disse aqui.)
E nada disso me importa.
Às vezes sinto uma certa insegurança em meu coração quanto às coisas que decidi descartar.
Mas sei que essas coisas não me importam desse tamanho!
Eu também gosto de passar pelos lugares.
Os lugares que não cabem em mim, mas eu estou em todos eles.
É dessa forma de pertencimento mútuo que eu gosto.
Gosto de chuva e de olhar as paisagens.
Eu gosto de Liubliana com aqueles vários tênis pendurados nos cabos da fiação elétrica.
Eu gosto de andar por aí com as pessoas e de olhar dentro dos olhos delas.
Só pra ver o que tem lá.
Eu gosto do Verdi, que conheci na Paulista pedindo dinheiro pra comprar uma pedra de crack.
"Verdi, eu não me esqueço que você é um ET!"
Eu gosto mesmo é de pedir demissão dos empregos. Porque eu não gosto de trabalho de 8 às 5.
É bom estar naquele sufoco por um tempo, porque o gosto de se sentir livre, quando você chuta tudo pro alto, é o melhor que existe!
Eu gosto de chutar tudo pro alto! Eu me sinto dona de mim mesma.
É algo tão pequeno e tão ridículo de se sentir. Mas e daí? Eu gosto!
Eu gosto de passar por experiências das quais eu não gosto,
e contar tudo para as outras pessoas depois.
Eu gosto mesmo é de contar as coisas e de inventar os mundos!
Eu gosto do papel, da caneta, do pincel e da tinta.
Eu gosto de comer feijão com tomate derretido, até morrer.
E quando eu era criança, gostava de comer molho de tomate na xícara, fingindo que era sopa do programa social. Fingindo dar entrevista pro documentário.
Fingindo porque eu tinha medo da rotina. Porque eu tenho.
Eu gostava de fingir que eu era a empregada da raça gigante das bonecas carecas, que tinham uma casinha montada com caixa de pasta de dente, em cima da mesa da varanda.
Eu gostava de usar as roupas da minha avó! Eu gostava de não ser.
De imaginar a vida das formigas, fazendo compras em mercados dentro de árvores e achando que a trilha de água da roupa que a minha avó lavava era o Rio Amazonas.
Por isso, hoje eu gosto de querer aprender e apreender o mundo.
Eu quero comer de quase tudo que existe, menos do pequi.
Eu quero dançar tektonic. Mesmo que meu corpo não obedeça às minhas ordens mentais.
Eu gosto dos livros do Michael Ende e das músicas do Mogway.
Eu gosto do vazio e do silêncio das lembranças dos meus amigos mais amados.
Eu gosto de sair por aí dizendo que o Sol é só uma estrela michuruca.
Gosto de ver desenho em nuvem, porque eles aparecem assim tão naturalmente.
Gosto da vista do Cristo Redentor, lá da casa do Jaime, às cinco da manhã, usando o Galileoscópio montado com suporte de garrafa pet.
Gosto do jeito que minha mãe coça a garganta e de ouvir ela dizendo o quanto o cabelo dela é bom.
Eu gosto do som da voz do meu avô, que não ouço mais, perguntando se eu já estava "licionando".
Eu gosto de gostar de viver, e disso eu gosto tanto, que eu me sinto perdida.
Tem esse sentimento que às vezes me chega, que não chega a ser felicidade. Não é meu.
É como se fosse a felicidade das árvores e do céu.
Como se oferecessem de si: "Ei, nós somos felizes, porque estamos misturados com o Universo. Quer um pouquinho disso pra você?"
É uma coisa assim que invade a minha garganta: a vida.
Não sinto mais que eu sou eu, mas que sou todos.
Eu sou só aquele gostar, e me esqueço de mim, que gosta tanto.
Não tenho reconhecimento, que é diferente de dinheiro, mas as pessoas confundem.
(É importante deixar isso claro de uma vez por todas,
mesmo porque nada mais do que eu falo tem coisa alguma a ver com aquilo que já disse aqui.)
E nada disso me importa.
Às vezes sinto uma certa insegurança em meu coração quanto às coisas que decidi descartar.
Mas sei que essas coisas não me importam desse tamanho!
Eu também gosto de passar pelos lugares.
Os lugares que não cabem em mim, mas eu estou em todos eles.
É dessa forma de pertencimento mútuo que eu gosto.
Gosto de chuva e de olhar as paisagens.
Eu gosto de Liubliana com aqueles vários tênis pendurados nos cabos da fiação elétrica.
Eu gosto de andar por aí com as pessoas e de olhar dentro dos olhos delas.
Só pra ver o que tem lá.
Eu gosto do Verdi, que conheci na Paulista pedindo dinheiro pra comprar uma pedra de crack.
"Verdi, eu não me esqueço que você é um ET!"
Eu gosto mesmo é de pedir demissão dos empregos. Porque eu não gosto de trabalho de 8 às 5.
É bom estar naquele sufoco por um tempo, porque o gosto de se sentir livre, quando você chuta tudo pro alto, é o melhor que existe!
Eu gosto de chutar tudo pro alto! Eu me sinto dona de mim mesma.
É algo tão pequeno e tão ridículo de se sentir. Mas e daí? Eu gosto!
Eu gosto de passar por experiências das quais eu não gosto,
e contar tudo para as outras pessoas depois.
Eu gosto mesmo é de contar as coisas e de inventar os mundos!
Eu gosto do papel, da caneta, do pincel e da tinta.
Eu gosto de comer feijão com tomate derretido, até morrer.
E quando eu era criança, gostava de comer molho de tomate na xícara, fingindo que era sopa do programa social. Fingindo dar entrevista pro documentário.
Fingindo porque eu tinha medo da rotina. Porque eu tenho.
Eu gostava de fingir que eu era a empregada da raça gigante das bonecas carecas, que tinham uma casinha montada com caixa de pasta de dente, em cima da mesa da varanda.
Eu gostava de usar as roupas da minha avó! Eu gostava de não ser.
De imaginar a vida das formigas, fazendo compras em mercados dentro de árvores e achando que a trilha de água da roupa que a minha avó lavava era o Rio Amazonas.
Por isso, hoje eu gosto de querer aprender e apreender o mundo.
Eu quero comer de quase tudo que existe, menos do pequi.
Eu quero dançar tektonic. Mesmo que meu corpo não obedeça às minhas ordens mentais.
Eu gosto dos livros do Michael Ende e das músicas do Mogway.
Eu gosto do vazio e do silêncio das lembranças dos meus amigos mais amados.
Eu gosto de sair por aí dizendo que o Sol é só uma estrela michuruca.
Gosto de ver desenho em nuvem, porque eles aparecem assim tão naturalmente.
Gosto da vista do Cristo Redentor, lá da casa do Jaime, às cinco da manhã, usando o Galileoscópio montado com suporte de garrafa pet.
Gosto do jeito que minha mãe coça a garganta e de ouvir ela dizendo o quanto o cabelo dela é bom.
Eu gosto do som da voz do meu avô, que não ouço mais, perguntando se eu já estava "licionando".
Eu gosto de gostar de viver, e disso eu gosto tanto, que eu me sinto perdida.
Tem esse sentimento que às vezes me chega, que não chega a ser felicidade. Não é meu.
É como se fosse a felicidade das árvores e do céu.
Como se oferecessem de si: "Ei, nós somos felizes, porque estamos misturados com o Universo. Quer um pouquinho disso pra você?"
É uma coisa assim que invade a minha garganta: a vida.
Não sinto mais que eu sou eu, mas que sou todos.
Eu sou só aquele gostar, e me esqueço de mim, que gosta tanto.
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